Bnei Noah é uma expressão hebraica que significa “Filhos de Noah”, aquele mesmo que construiu a arca para escapar da grande inundação e se tornou o ancestral de todas as pessoas através dos seus filhos Shem, Ham e Iefet.
Embora essa resposta esteja correta, o monoteísmo e a Torá não podem ficar de fora dela, já que esta pergunta pode ser realmente difícil até para quem tem contato com a Torá ou com o judaísmo definir com clareza. Esse é o típico assunto que as pessoas conhecem, mas que possuem uma certa dificuldade na hora de explicar.
Apesar de parecer complexo, o conceito de Bnei Noah é relativamente simples. Para isso, é preciso entender cronologicamente a ordem da Torá e inserir a resposta dentro de um panorama completo.
Adam foi o primeiro homem e ele recebeu seis mandamentos do Criador no jardim do Eden. Não havia religião e nem idolatria, era apenas a humanidade se relacionando com seu Criador, mesmo após o primeiro pecado. Com o tempo, as gerações foram piorando e seus pecados aumentaram até que, na geração de Noah, o Criador decretou a grande inundação.
Quando a família de Noah saiu da arca depois da grande inundação, ele recebeu o sétimo mandamento universal, que ainda era a vontade do Criador antes de qualquer dogma ou religião existir. Pouco tempo depois, a humanidade recomeçou a idolatria até que Avraham, por conta própria, chegou à conclusão que só poderia existir um único Criador do universo. Essa redescoberta fez dele o pai do povo judeu, que recebeu a Torá e os 613 mandamentos do Criador no monte Sinai sob a liderança de Moshê.
A entrega da Torá nunca foi a invenção do judaísmo, uma vez que ainda era o Criador se relacionando com a humanidade, apenas entregando ao povo judeu a responsabilidade de zelar pelo conhecimento da existência de um só Criador do universo. Não dois e nem três.
Nessa época já existam muitos povos idólatras e o povo judeu, encarregado do monoteísmo.
E quanto às pessoas que não eram de Israel e reconheciam o Criador, qual era o caminho delas? É aqui o conceito Bnei Noah começa a fazer sentido.
O Criador não obrigou a humanidade a ser parte do povo judeu, mas também não a quer envolvida com idolatria, a qual Ele abomina. Por isso os Bnei Noah são os não judeus leais ao Criador, que se relacionam com Ele livre de qualquer religião e idolatria.
É interessante notar que muitos legisladores judeus debateram a fundo o tema Bnei Noah para instruir a aplicação da halahá correta dos sete mandamentos e as suas ramificações, o que mostra claramente a existência desse conceito na história da humanidade. No livro de Bereshit, está descrito o momento exato em que Noah recebe o sétimo mandamento.
Toda criatura que vive será sua para comida, como acontece com a grama verde. Eu te dou tudo isso, entretanto, você não deve comer carne com a alma em seu sangue.
Na época desse evento ainda não havia Avraham, aliás, nenhum dos patriarcas e matriarcas haviam nascido. Iaacov não tinha os filhos que originariam as 12 tribos de Israel. Moshê estava longe de nascer e receber a Torá com o povo judeu já formado. Mesmo assim, houveram mandamentos sendo ordenados pelo Criador.
O tratado de Sanhedrin 56a do Talmud Bavli também debateu amplamente os mandamentos iniciais ordenados aos Bnei Noah. Este é o verso 24 da página 56a.
Os sábios ensinaram que “Sete mandamentos foram ordenados aos Bnei Noah: cortes de juízes, abençoar o Nome do Criador, idolatria, relações sexuais proibidas, assassinato, roubo e órgão de criatura viva”.
No Mishnê Torá, Maimonides detalhou muitas questões ligadas aos mandamentos dos Bnei Noah, incluindo a relação que os não judeus podem ter com os 613 mandamentos. Este é um trecho do capítulo 8 do Livro de Reis.
Moshê rabenu recebeu a ordem do Todo Poderoso de fazer o mundo aceitar os mandamentos dos Bnei Noah.
Muitos sábios dos últimos séculos, como os rabinos Moshê Sofer e Rebe de Lubavitch, estudaram minuciosamente esse tema. Atualmente existem muitos outros rabinos focados em trabalhos com não judeus e o desenvolvimento de suas comunidades.
Esse tema pode levar em conta Noah como o ancestral comum da humanidade, pode ser uma referência de Shem, Ham e Iefet, que eram seus filhos, ou também pode ser entendido como os não judeus que reconhecem o Criador como o Dono do universo. Em resumo, não existe uma única ideia que define quem são os Bnei Noah, porque é possível explicar de várias formas, mas existe uma única raiz inteiramente conectada ao Criador e à Torá. Resumindo em uma frase, pode-se dizer que os Bnei Noah são os não judeus leais ao Criador do universo.
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