No Mishnê Torá, Maimônides apresenta três categorias de não judeus, com base em sua relação com o monoteísmo e as leis universais: Acum, Bnei Noaḥ e Guer Toshav.

Acum é a abreviação de Aved Coḥavim Umazalot, que significa servos de astros e constelações. Essa é a categoria mais baixa entre os não judeus, composta por idólatras que rejeitam as sete leis de Noaḥ e não reconhecem o Criador como a única fonte de tudo. Maimônides diz no Hilḥot Melaḥim 10.9 que um Acum não tem permissão para cumprir os mandamentos judaicos, pois isso seria uma apropriação indevida. Ele deve se limitar às sete leis para evitar agravar sua condição espiritual.

Os Bnei Noaḥ, por outro lado, ocupam o nível mais elevado entre os não judeus. Eles aceitam que as sete leis foram ordenadas pelo Criador e transmitidas por Moshê no Sinai, reconhecendo sua origem divina. Essas leis abrangem princípios éticos universais que garantem a ordem e a justiça no mundo. Maimônides ensina no Hilḥot Melaḥim 8.11 que apenas aqueles que cumprem as leis por causa da sua origem divina são considerados justos entre as nações e possuem uma parte no próximo mundo. Aqueles que as seguem apenas pela lógica não alcançam o mesmo mérito, mesmo agindo da forma certa.

Guer Toshav é um estrangeiro que vive entre judeus na terra de Israel e aceita publicamente as sete leis de Noaḥ sem se converter ao judaísmo. Maimônides define Guer Toshav como um não judeu que não se converteu ao judaísmo, mas que renunciou à idolatria e se comprometeu formalmente com as sete leis básicas. Esse status é reconhecido de forma pública e institucional, com direitos e responsabilidades ampliados dentro da sociedade judaica (Hilḥot Avodá Zará 10.6).

Essas categorias refletem diferentes níveis de conexão com a Torá e com o Criador. Enquanto o Acum deve se restringir às sete leis, os Bnei Noaḥ podem adotar mandamentos adicionais da Torá para ganhar mérito espiritual. Já o Guer Toshav ocupa uma posição intermediária, que o aproxima da comunidade judaica.