A Torá estabelece diferenças claras entre judeus e não judeus, tanto em termos de identidade quanto de função espiritual. Essas distinções implicam em papéis complementares na manutenção do mundo conforme a vontade do Criador. Enquanto os judeus possuem um conjunto de obrigações únicas no pacto do Sinai, os não judeus receberam as Sete Leis de Noaḥ, que garantem a ordem e a justiça universal. 

A identidade judaica é definida pela Torá com base em dois critérios: a descendência materna ou a conversão formal. Em Devarim 7.3-4, está a base para a regra matrilinear, onde o Criador alerta contra casamentos com povos idólatras, afirmando que o filho de uma mulher não israelita seria desviado para a idolatria, enquanto o filho de uma mulher judia continuaria pertencendo ao povo de Israel. Quem nasce de mãe judia nasce com todas as obrigações da Torá sobre ele, enquanto a conversão envolve a aceitação voluntária dos mandamentos, formalizada por um processo que inclui estudo, imersão ritual e a circuncisão para os homens. 

Essa identidade judaica reflete o papel espiritual que os judeus possuem no mundo, iluminando a humanidade com o conhecimento da Torá. Como o profeta Ieshaiahu fala em uma de suas profecias, que Israel vai ser uma “Luz para as nações” (Ieshaiahu 49.6). Essa missão inclui viver de acordo com um código de leis detalhado que abrange todos os aspectos da vida. 

Muitas vezes, isso requer que judeus e não judeus olhem para a mesma coisa com abordagens diferentes, como o Shabat, que o judeu é obrigado a guardar, enquanto o não judeu deve garantir que o mundo continue funcionando nesse dia. A interdependência entre os povos mostra como cada grupo contribui para o equilíbrio universal. 

Assim como é a relação dos sacerdotes com a tribo de Levi ou da tribo de Levi com Israel, é a relação de Israel com a humanidade. As diferenças entre judeus e não judeus revelam um desenho divino que visa a elevação espiritual do mundo. Por isso, quando os Bnei Noaḥ sustentam as leis universais, eles já estão fazendo a parte deles nesse ecossistema. Os Bnei Noaḥ não precisam se envolver com práticas especificamente judaicas para se espiritualizar, pois tudo nessa direção deve ser apenas para uma elevação pessoal ainda maior.