A criação do homem
Fundamentos
Adam foi criado como portador de toda a humanidade dentro dele. Havia um objetivo claro para ele que o colocava no centro da criação, de administrar o mundo do Criador. No Midrash (Bereshit Rabá 8.1), os sábios explicam que Adam foi criado inicialmente como uma criatura andrógina, com um lado masculino e um lado feminino, e que o Criador dividiu esse ser em dois. O termo hebraico que o mundo conhece como costela (tsela, צלע), na verdade, é interpretado pelos sábios como lado. Sendo assim, a criação da mulher pode ser compreendida como um desdobramento daquilo que já existia.
Rabi Ioshia ensina que a alma desse humano primordial continha todas as futuras almas humanas, e que essas almas seriam posteriormente divididas e distribuídas entre seus descendentes (Bereshit Rabá 24.2). Essa ideia reforça que Adam era um recipiente espiritual coletivo para todas as almas humanas. Como o Midrash Tanḥumá (Pecudei 3) explica, todas as almas estavam no corpo de Adam Harishon.
O pecado original foi um evento que afetou todas as almas presentes nele, fragmentando essa unidade. Com isso, o processo de retificação (Ticun Olam) se tornou o caminho de elevação e restauração dessas almas fragmentadas, sendo a retificação pessoal e coletiva a base da missão de cada indivíduo, independente de ser judeu ou não judeu.
As leis que Adam recebeu no Gan Eden são a fundação da ordem universal, expressando a vontade do Criador. Elas não foram dadas como uma resposta ao pecado de Adam, mas para manter a ordem no mundo e pavimentar o caminho do Ticun Olam. No entanto, o pecado internalizou o mau instinto (ietser hará, יצר הרע), e o desafio de viver conforme essas leis se intensificou, exigindo o esforço humano para se manter elevado.
Qualquer um que aceite os Sete Mandamentos e tenha cuidado em fazer isso é um justo entre as nações do mundo e tem uma parte no próximo mundo.
- Maimônides, Mishnê Torá