Entrada no pacto da Torá como não judeu
Fundamentos
Antes da entrega da Torá no Monte Sinai, toda a humanidade era considerada automaticamente Bnei Noaḥ. Desde os tempos de Noaḥ, havia um pacto universal entre o Criador e os seres humanos com sete leis básicas, servindo como um código moral para garantir a ordem e a justiça no mundo. Esse vínculo não exigia uma entrada formal, pois pertencer a esse pacto era o estado natural de qualquer ser humano, como acontece atualmente com as crianças judias, que já nascem automaticamente dentro do judaísmo.
O Talmud (Avodá Zará 2b) relata que antes do Criador entregar a Torá a Israel, Ele a ofereceu para todas as nações do mundo. Ao ouvir os mandamentos, cada povo recusou o pacto por causa de seus próprios valores e práticas. Os descendentes de Essav rejeitaram a Torá por causa da proibição de assassinato, os de Amon e Moav recusaram por causa das relações sexuais proibidas, os de Ishmael não aceitaram devido à proibição do roubo.
A única exceção foi o povo de Israel, que aceitou a Torá de maneira incondicional, se comprometendo com seus mandamentos antes mesmo de compreender a abrangência de cada um deles (Shemot 24.7). Esse momento marcou a aliança eterna entre Deus e Israel, mas sem fechar as portas para as outras nações.
Contudo, o pacto da Torá com o povo de Israel também redefiniu a relação dos outros povos com o Criador. O status de Bnei Noaḥ mudou radicalmente depois do Sinai, pois as pessoas passaram a não nascer automaticamente dentro desse pacto. Agora, elas precisam aceitar as Sete Leis como mandamentos divinos revelados por Deus através de Moshê, e esse reconhecimento é o que formaliza sua entrada no pacto da Torá como Bnei Noaḥ. De acordo com Maimônides (Hilḥot Melaḥim 8.11), após a entrega da Torá, as Sete Leis de Noaḥ deixaram de ser apenas uma obrigação natural e se tornaram um compromisso que precisa ser aceito conscientemente como parte da revelação no Sinai. Com essa mudança, um não judeu que segue as Sete Leis apenas pela lógica não entra automaticamente no pacto. Para ser considerado um Guer Toshav ou um Bnei Noaḥ em seu sentido mais elevado, a pessoa precisa aceitar essas leis como uma expressão direta da vontade divina revelada por Moshê.
Esse reconhecimento caracteriza um compromisso espiritual e prático. Ele conecta o indivíduo ao propósito universal delineado na Torá e insere sua vida em um projeto maior de reparação do mundo (Ticun Olam).
A entrada formal no pacto da Torá como não judeu tem orientações claras segundo a lei judaica. Quem deseja viver como Bnei Noaḥ deve primeiro se submeter às Sete Leis verbalmente. Segundo a halaḥá, o segundo passo para formalizar esse compromisso é através de uma declaração pública perante um tribunal noaíta ou rabínico, pois esse ato reforça a seriedade da decisão e sela a entrada da pessoa ao pacto da Torá de maneira oficial.
É importante dizer que entrar nesse pacto não tem relação com a conversão ao judaísmo ou com qualquer outro tipo de conversão. Os Bnei Noaḥ continuam sendo não judeus, mas que decidiram publicamente obedecer as leis que o Criador ordenou à humanidade. Uma vez dentro do pacto, é um dever de todo Ben Noaḥ buscar a orientação de um rabino ortodoxo qualificado. Algumas vezes, quando o acesso a um tribunal rabínico físico não é possível, alguns rabinos reconhecem compromissos realizados de forma online ou por meio de declaração escrita. Essa orientação rabínica vai muito além da entrada no pacto da Torá, ela serve para pavimentar o aprendizado e a prática das Sete Leis no dia a dia.
Esse passo é um dos mais importantes, pois ele reafirma que a pessoa encontrou a verdade universal em um mundo cada vez mais confuso. E como muitas pessoas querem ter mais clareza espiritual entrando no pacto da Torá, BNEI NOAH oferece uma declaração online reconhecida no meio judaico. BNEI NOAH realiza eventos online para formalizar essa entrada no pacto dos Bnei Noaḥ. Inscreva-se na lista de interessados para ser avisado sobre os próximos eventos.
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Qualquer um que aceite os Sete Mandamentos e tenha cuidado em fazer isso é um justo entre as nações do mundo e tem uma parte no próximo mundo.
- Maimônides, Mishnê Torá