O pacto entre Deus e Noaḥ
Fundamentos
O dilúvio representou uma ruptura definitiva na história, quase levando a humanidade à extinção. Após um ano e dez dias desse cataclismo, o mundo já não era o mesmo. O Criador salvou Noaḥ e sua família para dar uma segunda chance à humanidade. Quando ele saiu da arca, construiu um altar e ofereceu sacrifícios de animais puros em um gesto de gratidão por ter sobrevivido (Bereshit 8.20). Então, o Criador abençoou Noaḥ e ordenou que ele e seus filhos repovoassem a terra.
Nesse momento, o Criador estabeleceu um pacto formal com Noaḥ e com seus descendentes, estabelecendo que a humanidade deveria observar as seis leis originais dadas a Adam, além da proibição de não consumir partes retiradas de um animal ainda vivo. A Torá (Bereshit 9.3) relata que Noaḥ foi autorizado a comer carne, o que até então era proibido para o ser humano, pois a dieta humana era estritamente vegetariana. No entanto, essa permissão veio com a condição obrigatória do abate animal, já que o ser humano foi proibido de mutilar um animal e consumir sua carne enquanto ele está vivo, como os predadores carnívoros fazem com as suas presas. Em troca da obediência a essas leis, o Criador assegurou que não haveria outro cataclismo universal e colocou o arco-íris como sinal desse pacto.
O Talmud (Ḥaguigá 16a) ensina que quando não há arco-íris em uma geração, isso indica a presença de um justo tão elevado que o mérito dele protege o mundo, tornando desnecessário esse lembrete divino. Dizem que nos tempos de Rabi Shimon Bar Ioḥai e Rabi Iehoshua Ben Levi, o arco-íris não apareceu.
Esse pacto revela que a institucionalização da lei e da ordem, por meio da obediência às sete leis básicas, é o caminho que garante a sobrevivência da humanidade. Por quase mil anos, toda a humanidade esteve sob esse pacto. Em outras palavras, todos nasciam automaticamente como Bnei Noaḥ.
Qualquer um que aceite os Sete Mandamentos e tenha cuidado em fazer isso é um justo entre as nações do mundo e tem uma parte no próximo mundo.
- Maimônides, Mishnê Torá